sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O trabalho e "como o Brasil ficou para trás" - Atividade 4 de Seminário

ATIVIDADE




Este capítulo colocou em justaposição dois textos: uma apostila de aula sobre o tema Trabalho e um texto de Sergio Buarque de Holanda sobre a Sociedade Mineradora. Apesar parecem desconexos entre si, os dois textos têm um ponto em comum: o tema referente ao trabalho. Um realiza uma retrospectiva sobre a sua evolução e as concepções; o outro analisa como o preconceito contra o trabalho foi se formando nos grupos humanos, que passaram de errantes a sedentários, de homens pobres a homens e cabedais, de aventureiros garimpeiros a letrados bacharéis, de errantes a magistrados.



Muitas são as conclusões possíveis, mas a principal é, de um lado, como as metrópoles ibéricas católicas, em contraposição à metrópole anglo-saxônica, agiam prestigiando o trabalho e valorizando o ócio diletante, a contemplação. De outro lado, como a sociedade e o Estado, no Brasil, foram e são afetados por uma mentalidade historicamente construída de ver no trabalho algo vil, desprezível, operado pela arraia miúda e por escravos.



Na chamada marcha da racionalidade, que o mundo Ocidental empreendeu nos últimos séculos, o Brasil ficou para trás. Qual teria sido o motivo? Qual a visão de trabalho teria sido a causa disso? Justifique seu ponto de vista.



Solução:

Em minha opinião, embora eu reconheça sua importância, o trabalho adquiriu, como conseqüência do capitalismo, um status de semi-Deus. Acredito que as questões expostas por Paul Lafargue em “O direito à preguiça” (1880), permanecem bastante atuais. Afinal, se novas tecnologias permitem a automação da produção, uma redução da carga de trabalho permitiria que a produção se mantivesse em níveis estáveis. Por exemplo, se o trabalho de três homens pode ser executado por uma máquina, e esta máquina é controlada por apenas um operário, o proprietário pode demitir dois funcionários sem que sua produção seja afetada. Por outro lado, ele também pode manter seus funcionários trabalhando por um número menor de horas, revezando o operário que controla a máquina. Neste último cenário, a produção se mantém estável, o nível de emprego se mantém estável e os operários tem mais tempo para desfrutar da vida. Todos saem ganhando!!



A apostila também cita o trabalho de Marcuse, (1973) que diz:

“O trabalho, no mundo do século XX, tornou-se alienado e alienante, castrando os indivíduos como seres políticos pensantes. A ocupação no trabalho durante oito horas, quando quatro seriam suficientes para as necessidades e não para o supérfluo, tem o propósito de manter as massas ocupadas e obedientes, abafar protestos, manter a inércia de um sistema que, criando permanentemente necessidades, se auto-reproduz. O produto do trabalho e o seu consumo escravizam, num círculo de dominação, cooptando o indivíduo, que já não sabe mais se opor e destacar.”



Pessoalmente até considero que a própria pergunta que dá origem a esta atividade é preconceituosa. A idéia que “o Brasil ficou para trás” traz dentro de si o conceito do trabalho semi-Deus. Será que devemos assumir que o personagem “Tio Patinhas” tem a vida ideal? Será que o melhor para a população é guardar sua moeda de número um, guardar dinheiro em cofres e, ter como único divertimento nadar em dinheiro dentro de uma caixa-forte? Ou será que não é melhor poder cantar:



“Moro num país tropical, abençoado por Deus

E bonito por natureza, mas que beleza

Em fevereiro (em fevereiro)

Tem carnaval (tem carnaval)

Tenho um fusca e um violão

Sou Flamengo

Tenho uma nêga

Chamada Tereza”



A discussão acima foi inspirada em: “Sobre O direito à preguiça de Paul Lafargue” de autoria de Suzana Guerra Albornoz, publicado em Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 2008, vol. 11, n. 1, pp. 1-17.



Acessado eletronicamente (http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpst/v11n1/a02v11n1.pdf) em 10/novembro/2010.

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